Jornalista em Curitiba, onde nasceu em 1950 e vive até hoje, Manfredini trabalhou em O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e revista ISTOÉ, entre outros órgãos de imprensa. É colunista do portal Vermelho e membro do Conselho Editorial da revista Princípios, editada em São Paulo.

Antes de Memória de Neblina, Manfredini havia lançado As moças de Minas (1989, com reedição em 2008), que juntos compõem uma busca através da ficção de recompor as histórias de resistência à ditadura militar pela juventude das décadas de 60 e 70.

Histórias que o próprio Manfredini vivenciou de perto ou foi parte integrante delas, principalmente no Memória de Neblina, inspirado na sua própria adolescência e militância estudantil.

Mais do que um esforço de recontar histórias que homenageiam a luta e a resistência juvenil, que homenageiam o pensamento progressista, Manfredini se apresenta em Memória de Neblina como um escritor moderno, capaz de construir uma narrativa de fôlego, complexa sem pseudointelectualismos, emocionante sem apelos emocionais baratos, pieguices ou fórmulas mirabolantes.

Ficcionando fatos reais, Memória de Neblina conta a história do reencontro de Lau, Pedro e Coati, três amigos que tentam reconstruir suas memórias tendo como base o período em que estudaram juntos no Colégio Militar de Curitiba e iniciaram sua militância política na resistência a ditatura militar.

Neste reencontro narrado pelo personagem Pedro, que se esforça para juntar os pedaços das três memórias, somando-se aos seus conflitos amorosos, narrativas de suas lutas, aventuras militantes e juvenis, histórias de acampamentos na Serra do Mar, encontros furtivos nas madrugadas de Curitiba, o romance tenta dissipar a neblina da historia da colonização paranaense, as mudanças da Curitiba da infância das personagens a Curitiba dos tempos atuais.

A história construída por uma narrativa moderna expõe a visão do narrador que constrói o texto intercalando narrativas capitaneadas pelas personagens de Lau e Coati, principalmente de Lau, o principal motivador e elo construtor da história compartilhada com duas mulheres, Ive e Samantha, que juntos com Bieslki, ou Girafão, compõem uma intricada rede de relações entre presente e passado.

Como afirma o texto de divulgação “Memória de Neblina é um romance sobre meninos e meninas que, sob a ditadura militar, conviveram com sonhos e pesadelos justamente quando estavam se formando para a vida. Hilários, dramáticos, amorosos, radicais, lutam e brincam a um só tempo. Vivem um tempo de trevas. Ainda assim, acendem risos.

O lúdico não abandona o revolucionário. Nas frias madrugadas curitibanas, cobrem as imaculadas paredes de um colégio – todas elas – com poemas pichados com bastões de cera.

Em seguida, mergulham em estrepulias até o amanhecer. Dias depois, lá estão eles distribuindo panfletos em um bairro operário e discursando sobre bancos de praças. Mais tarde, entre operários e camponeses, semeiam sua revolução. Memória de Neblina é, sobretudo, um elogio ao pensamento humanista e transformador.”

É um elogio ao pensamento humanista e transformador, mas é principalmente uma grande obra literária, que coloca Manfredini ao lado de grandes romancistas paranaenses que integram o cenário nacional literário, como Cristovão Tezza, Miguel Sanches Neto, Domingos Pelegrini ou Roberto Gomes.

O livro pode ser encontrado no site www.livrariascuritiba.com.br

Fonte: Vermelho.org.br