O mês de maio entrou para a história republicana de nossa Pátria, quando da instalação da Comissão da Verdade. Houve choro, lágrima, emoção, alegria de muita gente que viveu e combateu momentos negros da nossa história.

Frise-se uma história pouco verbalizada e muito menos escrita, enquanto que outra gente posicionou-se contrária ao fato histórico do século 21, chegando a afirmar que seria um retrocesso no tempo, além de ser ato de mero revanchismo.

Ora, não podemos esquecer-nos de tudo o que aconteceu nos idos da década de 1960, a partir do golpe político militar. Posso afirmar que foi praticado um ato contra a República.

Não podemos desconhecer que a história nos mostra que sempre existiram sérios desníveis entre a necessidade democrática e a reação conservadora, razão pela qual, encontramos fatos históricos mal narrados ou vitimados de inverdades.

Dentro desse raciocínio, relembremos a pressão sofrida por Vargas, culminando com o suicídio, possibilitando a vitória de Juscelino, que, com o apoio das Forças Armadas, conseguiu se manter no poder, realizando um governo de efetiva modernização e de crescimento do País.

A verdade da tal comissão não se encontra nesse foco, mas em “esclarecer os casos de torturas, mortes, desaparecimentos, ocultação de cadáveres, tornando públicos os locais e as circunstâncias relacionadas aos crimes contra os direitos humanos”.

Somente com tais esclarecimentos, estaremos escrevendo capítulos da nossa história ainda não conhecidos ou mal contados, todos marcados pelo sofrimento e pela tortura.

Famílias continuam enlutadas, chorando a ausência do ente querido, sem nada saber a seu respeito. Repriso as palavras do jornalista Mauro Santayana: “Todos os que perderam seus pais e filhos, irmãos e irmãs, maridos e mulheres, amigos e companheiros têm direito ao pranto, se não diante de seus mortos, pelo menos diante da reconstituição de seus derradeiros momentos.

Devem conhecer o lugar e o dia em que pereceram, para ali chorar. O direito ao pranto é tão necessário quanto o direito a viver”.

É justamente nesse ponto que reside a verdade ou a justificativa para a criação da Comissão da Verdade. Vamos todos, republicanos e conservadores, caminhar juntos nessa causa comum, independentemente de bandeira partidária, mas empunhando a bandeira do Brasil, como símbolo de união e fraternidade, de ordem e progresso.

Fonte: Gazeta de Alagoas