Retrato do endemoninhado, por Jorge Amado
Nascido em Ingazeira, Sertão de Pernambuco, em 8 de dezembro de 1905, Alfredo de Arruda Câmara ingressou, aos 14 anos de idade, no Seminário de Olinda, pelo qual se formaria em Direito Canônico, em 1925. Obteve o doutorado em Filosofia na Academia de São Tomás de Aquino, em Roma, onde se ordenou sacerdote e onde se doutorou em Teologia Dogmática, pela Universidade Gregoriana. Exerceu suas atividades sacerdotais no Interior de Pernambuco e ensinou Latim e História da Filosofia, no Seminário de Olinda.
Revolucionário em 1930, passou a ter ativa participação política. Combateu os militares do 21º Batalhão de Caçadores que se insurgiram, no Recife, em 1931, contra o Governo Carlos de Lima Cavalcanti.
Constituinte em 1934 e deputado federal, por Pernambuco, de 1935 a 1937, na legenda do Partido Social Democrático (PSD), desempenhou importante papel de articulador político.
Ficou conhecido como “o padre-jagunço do Pajeú”, por andar sempre armado. Provocado, certa feita, em 1937, por um grupo de estudantes, chegou a sacar de seu revólver, ameaçando os manifestantes. Foi diretor e vice-presidente da Caixa Econômica de Pernambuco, em 1938.
Com o fim do Estado Novo, foi um dos fundadores do Partido Democrata Cristão (PDC), pelo qual se elegeu constituinte em 1946 e deputado federal, e do qual seria presidente nacional. Em 1948, recebeu o título de monsenhor. A partir de 1950, foi reeleito mais quatro vezes pelo PDC, e duas pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA), mas não chegou a concluir o sexto mandato.
Morreu no Rio de Janeiro, em 21 de fevereiro de 1970.
Ao longo de sua atividade parlamentar, seus discursos foram marcados pela defesa do regime parlamentarista de Governo, da adoção do ensino religioso – facultativo – em todas as escolas e da concessão do direito de voto a todos os cidadãos. Combateu, com o mesmo ímpeto, o comunismo e a instituição do divórcio.