A Boitempo Editorial, com apoio da Fundação Maurício Grabois, lança o sétimo volume da coleção Arsenal Lênin, O desenvolvimento do capitalismo na Rússia (1899). A obra traz uma análise rigorosa da economia e da estrutura social da Rússia no período posterior à reforma de 1861, que aboliu a servidão do campesinato. Escrito de 1896 a 1899, Lênin iniciou o livro na prisão e o concluiu na aldeia de Chúchenskoie, durante seu exílio.

Indispensável e monumental, a obra é uma das mais significativas produzidas por Lênin, baseada em farta pesquisa e documentação histórica – o autor consultou mais de 500 fontes, entre livros, monografias, relatórios, atas, revistas, estatísticas etc. Partindo de uma perspectiva marxista, Lênin esmiúça o desenvolvimento do mercado interno russo que acontece com a reforma e a divisão social do trabalho que se seguiu. Lênin, nessa obra, apura as contradições das particularidades russas que levarão às principais características do processo revolucionário naquele país.

Pela primeira vez no Brasil, temos uma tradução direta do russo, feita por Paula Vaz de Almeida. Na apresentação de José Paulo Netto, um dos responsáveis pelo lançamento do Desenvolvimento no Brasil na década de 1980, pode-se ler: “Nesta obra, a mais ‘russa’ de todas as produzidas por Lênin – e, consideradas sua idade e as condições sob as quais a redigiu, verdadeiro tour de force para um intelectual que não completara trinta anos –, encontramos um procedimento metodológico exemplar: o processo cognitivo, operado por um sujeito qualificado teoricamente (mesmo que ainda jovem), e comandado pelas exigências postas pela irredutível objetividade do objeto”.

Trechos

“O capitalismo, em grande medida, amplia e agrava na população rural as contradições sem as quais esse modo de produção não pode, em geral, existir. Mas, apesar disso, o capitalismo agrícola na Rússia é, por seu significado histórico, uma grande força progressista. Em primeiro lugar, o capitalismo transformou o agricultor, de ‘senhor feudal’, de um lado, e camponês patriarcal dependente, de outro, no mesmo industrial, semelhante a qualquer patrão da sociedade moderna. Antes do capitalismo, a agricultura era, na Rússia, um negócio senhorial, uma distração de senhorzinho para alguns, uma obrigação para outros […]. O sistema de pagamento em trabalho na terra senhorial – esse vívido remanescente do passado na economia moderna – confirma de maneira evidente essa caracterização”.

O lançamento será na Tapera Taperá, 19h, e contará com diálogo de Jones Manoel e Valério Arcary.

Taperá Taperá

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