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A Caixa Cultural São Paulo traz ao Brasil, em parceria com o International Center of Photography (ICP), uma das exposições de maior repercussão internacional nos últimos anos. Em cinco anos de existência, a exposição ‘A Valise Mexicana: a redescoberta dos negativos da Guerra Civil Espanhola de Capa, Taro e Chim' já percorreu cinco países sempre com grande sucesso. A mostra é um registro único da cobertura que mudou a história do fotojornalismo, realizada por nomes que se tornariam grandes referências para a fotografia contemporânea: Robert Capa, Gerda Taro e David 'Chim' Seymour. Reconhecido como o grande mestre da fotografia de guerra, Capa acompanhou os principais conflitos da primeira metade do século 20 e deixou imagens marcantes, que fazem parte do nosso imaginário até hoje. Esta é a primeira vez que o país recebe uma exposição com originais do fotógrafo. A mostra, patrocinada pela CAIXA e pelo Governo Federal, está aberta ao público desde 23 de julho na Caixa Cultural São Paulo, com entrada franca.
A Guerra Civil Espanhola teve início em julho de 1936 após um golpe de estado mal sucedido contra o governo da época. Durou cerca de quatro anos e se tornou um dos momentos mais dramáticos do século 20. Nele, estiveram presentes os elementos militares e ideológicos que caracterizariam os grandes conflitos do século. Em 2016, no ano em que o conflito completa 80 anos, a exposição "A Valise Mexicana" traz ao Brasil os originais das imagens que repercutiram a guerra pela Europa, e daí para o resto do planeta até os dias atuais. A cobertura realizada por Capa, Taro e Chim não apenas nos permitiu conhecer as atrocidades dos campos de batalha, mas também se tornou um marco na história do fotojornalismo, com imagens que estabeleceram as bases da fotografia de guerra contemporânea.
O público visitante poderá compreender como a guerra influenciou o curso da história europeia. As fotos da exposição registram sequências de batalhas, retratos de personalidades, mas também de pessoas comuns, e o devastador efeito da guerra na sociedade espanhola. Capa reuniu boa parte da cobertura realizada por ele, Taro e Chim em negativos guardados em uma valise que ficou desaparecida desde o final da guerra, em 1939 - pode ter sido perdida em meio ao caos gerado pela chegada dos alemães em Paris em 1940. Os negativos só foram encontrados em 2007 na Cidade do México, quando então foram entregues ao irmão de Capa. Cornell Capa nos anos 1970 havia fundado o International Center of Photography (ICP), uma instituição criada para conservar a história dos grandes fotógrafos do século. A valise continha três caixas com aproximadamente 4.500 negativos. O ICP realizou a primeira exposição com as imagens encontradas na Valise Mexicana em 2010 em Nova York (EUA).
O trabalho na Espanha foi a primeira grande cobertura de guerra feita por Robert Capa, que anos depois seria reconhecido como um dos maiores fotojornalistas do século 20. Antes das imagens do conflito, ele trabalhara como fotógrafo para sobreviver. Nascido em 1913, na Hungria, com 17 anos "Endre Ernö Friedmann", o seu nome verdadeiro, deixou o país devido a perseguições políticas. Em 1930, seu primeiro destino foi Berlim (Alemanha), onde estudou Jornalismo e começou a fotografar. Em 1933 foi para Paris, onde conheceria seus companheiros, Chim e Taro. Quando começou a publicar material da guerra na Espanha, no final daquela década, o impacto das imagens foi tão impressionante que fez sua reputação crescer rapidamente. O trabalho de Capa representou, de modo visceral, as batalhas no front, de uma maneira que nunca haviam sido vistas antes.
Chim também era um imigrante em Paris quando tornou-se fotógrafo e conheceu Capa, em 1933. Polonês, o seu nome verdadeiro era Dawid Szymin, Chim iniciou carreira de fotógrafo para conseguir dinheiro e ajudar a família enquanto estudava. Ele ficou famoso com fotografias marcantes de ocorrências policiais. Alemã, o nome verdadeiro de Gerta Taro era Gerta Pohorylle. Ela também mudou-se para Paris em 1933. Pode-se dizer que Taro foi a primeira mulher a ser reconhecida enquanto fotojornalista, mas ela teve uma carreira curta. O seu principal trabalho foram as fotografias dramáticas realizadas nas linhas de frente da guerra na Espanha, em companhia de Robert Capa. Taro morreu no front, atingida por um tanque de guerra, enquanto cobria a Batalha de Brunete, um momento importante da guerra em 1937, nas proximidades de Madrid.
Taro e Capa chegaram à Espanha em agosto de 1936 como freelancers. Eles pretendiam documentar a causa republicana para a imprensa francesa. Em solo espanhol, decidiram acompanhar as linhas de frente da batalha, e assim conseguiram registrar momentos dramáticos. Chim também acompanhou boa parte do confronto, mas preferiu a ação fora das batalhas, registrando retratos de personalidades importantes e também da vida de soldados e camponeses nas cidades afetadas pela guerra. É famosa uma imagem feita pelo fotógrafo em 1936, na qual uma mulher amamenta um bebê durante um discurso político. Já nas fotos de Capa é possível ver imagens de edifício destruídos, de batalhas, ou da mobilização para a defesa de Barcelona, ou o êxodo de espanhóis em direção à fronteira francesa. De Taro, imagens do treinamento do exército popular em Valência, o front de Segovia, e também suas últimas fotografias, tiradas enquanto ela cobria a batalha de Brunete.
Tendo sido exibida com sucesso nos Estados Unidos (Nova York), França (Arles, Perpignan e Paris), Espanha (Barcelona, Bilbao e Madrid), na cidade do México e na Hungria (Budapeste), a exposição, no Brasil, irá ocupar dois andares da Caixa Cultural São Paulo, em seu edifício histórico na Praça da Sé, com apresentação de copiões vistos na ordem em que as imagens foram capturadas. Algumas dessa imagens, que tornaram-se famosas após serem reproduzidas inúmeras vezes em publicações diversas, agora poderão ser apreciadas em seu contexto original. A mostra estará aberta ao público entre os dias 23 de julho e 02 de outubro de 2016.
SERVIÇO
Exposição: “A Valise Mexicana: a redescoberta dos negativos da Guerra Civil Espanhola de Capa, Taro e Chim”.
Local: CAIXA Cultural São Paulo (Praça da Sé, 111 – Centro) – próximo à estação do Metrô Sé
Visitação: de 23 de julho a 2 de outubro de 2016 (terça-feira a domingo).
Horário: 9h às 19h.
Informações: (11) 3321-4400.
Classificação indicativa: 10 anos.
Entrada franca
Acesso para pessoas com deficiência
Patrocínio: Caixa Econômica Federal e Governo Federal