Condenações ressuscitam o socorro vermelho
Há um sentimento e atitude que corresponde aos humanistas e socialistas, bem antes que estes conceitos fossem elaborados.
O sentimento de fraternidade.
Na Antiguidade vai ser encontrado nas constantes palavras de Jesus para que se apoie as viuvas e os órfãos, e para que sejam bem aventurados os que sofrem perseguição. Para que nos coloquemos sempre na defesa dos injustiçados e humildes.
Nos tempos Modernos é encontrado nos princípios populares da Revolução Francesa, aí caracterizado como pertencendo à Esquerda da Assembléia Popular.
A Esquerda apropriou-se deste sentimento. Não da caridade midiática como teletons e crianças esperanças, que não cumprem o mandamento: “que não saiba a vossa mão esquerda o que dá a direita”.
Não basta ‘fazer o bem’, precisa ‘fazer bem o bem’ e não de qualquer jeito. O Amor é verdadeiro quando é silencioso, despercebido.
Ao exigir saber quem doou para os condenados do mensalão , quem o faz faz para escândalo e para ferir o princípio da discrição na caridade.
Mas, isto é apenas uma introdução ao ponto principal deste artigo: o Socorro vermelho.
Desde a perseguição aos comunistas e socialistas no Brasil criou-se o Socorro Vermelho. Sua função sempre foi amparar os companheiros e suas famílias durante as perseguições sofridas por parte da Reação.
Um dos maiores colaboradores do Socorro era Niemeyer, que antes de entrar para o Partido já colaborava para o Socorro Vermelho. Eu na minha juventude, durante a tenebrosa ditadura militar, participei do Socorro Vermelho.
O Socorro ia de doações em dinheiro a sobretudo mel e açúcar para os presos – evitando que a tuberculose os atingisse na cadeia. Ia de serviços gratuitos de advocacia de defesa a serviços médicos para os familiares.
O Socorro Vermelho em sua maioria era composto por simpatizantes. Gente solidária, fraterna e prestativa. Gente não egoísta, não individualista ou de má fé.
Deste Socorro participaram brasileiros ilustres, muitos até apolíticos. Outros eram artistas famosos que por discrição poupo-os aqui. Mas nomeio com honra e louvor Jorge Goulart e Nora Ney, o Barão de Ytararé e Mário Lago, Francisco Milani, Portinari e Jorge Amado.
O Socorro Vermelho é tradição das lutas do nosso povo. Ressuscitado agora graças ao açodamento da Reação na perseguição aos companheiros de lutas.
Não precisa ser petista, e repito: Não basta ‘fazer o bem’, precisa ‘fazer bem o bem’ e não de qualquer jeito. O Amor é verdadeiro quando é silencioso, despercebido.Exigir que se torne público quem doou ao moderno Socorro Vermelho é sobretudo constranger os que seguem o princípio milenar da discrição no amoroso ato de doação.
Os fariseus da Reação preferem o estardalhaço e com isso o lázaro redivivo do Socorro Vermelho torna-se ainda mais vivo e presente.
Fonte: Blog do Bemvindo