O ditador Augusto Pinochet morreu há mais de cinco anos, mas sua funesta biografia não deixa de penar. Às nove da manhã desta quarta-feira se revelou o testamento do genocida na sala da titular do Terceiro Juizado Civil de Santiago, Soledad Araneda.

À diligência, só puderam comparecer o notário Eduardo Avello e as duas testemunhas presentes no dia em que o falecido militar o assinou, em sua casa do bairro de La Dehesa, en Santiago, Jorge Aguilera y Carmen Carmona, seus amigos pessoais.

Segundo um jornal local que divulgou a notícia, Pinochet em 2005 – quando sua fortuna já era investigada no marco do chamado Caso Riggs -, modificou seu anterior testamento de 2000, que constava de três páginas e está guardado em um cartório.

Segundo se divulgou, as propriedades que figuram no documento são uma casa no exclusivo bairro de Lo Barnechea, um campo em Quintero, cidade litorânea, a casa na cordilheira em El Melocotón (próximo de onde sofreu um atentado em 1986) e apartamentos em lugares luxuosos de Reñaca, Iquique, Valparaíso e Vitacura e três veículos.

Entretanto, todos os imóveis estão embargados no marco do Caso Riggs, que custou a Pinochet a perda da imunidade por malversação de recursos públicos provenientes do uso de gastos reservados, estimados em US$ 2 milhões.

Além disso, a família de Pinochet está impedida de mover outros US$ 2,6 milhões depositados no Banco do Chile e outros vários milhões mais no Banco de Boston.

Segundo o jornal El Mercurio, estes montantes são os que o Conselho de Defesa do Estado (CDE) quer recuperar, razão pela qual solicitou a abertura do testamento para determinar qual é o patrimônio real e quem são os herdeiros para demandar responsabilidades.

Há dois anos, o Departamento de Controle de Gestão e Sistemas de Informação da Universidade de Chile, entregou ao ministro Manuel Antonio Valderrama – que investiga o caso – a auditoria sobre os fundos de Pinochet, calculados em 21 milhões de dólares.

Desses, 17 milhões não estão justificados e se desconhece sua origem. Outra auditoria realizada pelo perito da família, Gonzalo Marín, determinou que o patrimônio de Pinochet seria de “apenas” 7,4 milhões de dólares.

Fonte: Carta Maior