32 anos da greve que mudou a história do país
Sob o comando de Lula, naquele primeiro dia de abril, o ABC por sua mais numerosa categoria de trabalhadores, a metalúrgica, amanheceu de braços cruzados.
A reação da ditadura militar não tardou: o líder da greve, Lula e mais 14 líderes sindicais acabaram presos, depois de conduzirem o movimento por vários dias sob violenta perseguição de todos os órgãos de repressão da ditadura militar, o que incluia até sobrevôo de helicópteros militares em suas assembléias.
Unida, aquela base de mais de 100 mil trabalhadores resistiu por mais de um mês somando-se a todos os que lutavam contra a ditadura.
Perseguição, tortura, assassinatos, sequestro e desaparecimento de adversários do regime de exceção ainda aconteciam durante aquele movimento, era um risco comum a todos e continuaram e até quando surgiram os novos partidos, dentre os quais, o PT.
A greve tinha como principais reivindicações, além do reajuste salarial, a redução da jornada de trabalho e a estabilidade no emprego.
O movimento exigiu nove meses de preparação, 215 reuniões e 300 assembléias antes da decisão da greve geral da categoria ser tomada em 16 de março, em assembléia de milhares de trabalhadores no estádio da Vila Euclides em São Bernardo do Campo.
“Não aceitem provocação”, aconselhava o sindicalista Lula
No livro “Muitos caminhos, uma estrela: memória de militantes do PT”, Devanir Ribeiro, diretor do sindicato à época, recorda que a greve trouxe uma nova geração de lideranças ao movimento. “Nós fomos afastados, tínhamos que formar uma nova diretoria, aí que veio essa safra nova…”, conta Devanir citando os nomes Jair Meneguelli, Vicentinho e Luiz Marinho.
No mesmo livro, Zé do Mato, o metalúrgico Edilson Ferreira da Silva, lembra como se fazia movimento sindical naquele tempo. Sobre uma mesa, sem equipamento de som, o ex-presidente Lula gritava para os trabalhadores que estavam próximos dele: “fala pra vim amanhã pra assembléia, fala pra vim amanhã pra assembléia”.
Eles ouviam e repetiam a frase para os companheiros do lado, até que o conjunto da massa de trabalhadores tivesse ouvido a mensagem de Lula.
“Não aceitem provocação, saiam daqui direto pra casa. Não fiquem no bar, não fiquem no ponto de ônibus, não acreditem na imprensa só acreditem na informação do Sindicato. Cuidado com a matéria paga da imprensa, com a mentira do governo, com a propaganda do patrão”, orientava o sindicalista Lula naqueles dias de luta.
Em um daqueles comícios, acompanhando seu pai, estava Sérgio Nobre, um jovem de 14 anos, aprendiz do SENAI na Scania. Ano passado, ele foi reeleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Fonte: Blog do Zé